quinta-feira, 10 de julho de 2008

As Chocas Nacionais

Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas

Imagem do período arcaico do KAOS
Dedicado à E-Ko, que resolveu voltar à La Cage aux Folles...
Há dias em que não me apetece escrever nada, mas os disparates são tantos, que é a mesma coisa que uma Musa nos vir bater à porta e nós lhe darmos o tratamento de choque que costumamos dar às Testemunhas de Jeová, com o devido respeito para com a mãe do Sr. Primeiro-Ministro.
Para mim, a notícia do dia foi o morcego nas mamas da outra, eu já a imaginar a Maria Cavaco Silva, toda de setins, com um morcego enfiado nas mamas, a beijar a mão ao Ratzinger, e o mamífero a esvoaçar, e o Aníbal com uma daquelas bocas do ataque epiléptico, para disfarçar a vergonha nacional. Um pouco mais de sorte, e o morcego nas mamas era... a Ingrid Bétancourt, ou... "surprise", a MADDIE!!!!!!!!..., sim, mas isto é a minha imaginação a funcionar, e isso cruza-se com a minha leitura de Morin desta noite. Diz o gajo assim: "... dado que as portas de entrada e saída do sistema neuro-cerebral, que conectam o organismo com o mundo exterior, não são mais do que 2% da totalidade, e que, então, 98% dizem respeito ao funcionamento interior, constitui-se um mundo psíquico relativamente independente, onde se entrechocam necessidades, sonhos, desejos, ideias, imagens, fantasmas, e todo esse mundo impregna a nossa visão, ou concepção, do mundo exterior...", e, aqui, eu já estava tão mal disposto que decidi fechar o livro e vir teclar, mas já com o telefone na orelha, para ouvir uma pior, porque parece que estava um toureiro -- percebo tanto de touradas como de Futebol -- a dizer, na TVI, que as chocas não eram chocas, mas chocos, ou seja, bois mansos, mas eu nem quero investigar isso, porque começo logo a escorregar pelo meu desequilíbrio interior, e começo logo a ver Lolas Chupas por tudo quanto é sítio, e a perceber de que modo é que a Tourada era, e é, a metáfora perfeita para o Heterossexualismo Passivo mal assumido dos Portugueses, e o seu ódio atávico da Mulher.
Não, por favor, já um dia me tiraram o Pai Natal e o Mito da Cegonha, não me venham agora dizer que as chocas também são bois.
Pronto, já me estou a reequilibrar do choque...
Esta é para a Kaotika: Parece que o António Calvário é uma choca...
Aliás, isto é um país de chocas, tirando o António Borges, que é uma coisa que eu nunca percebi, uma vez atirei uma boca no defunto "Expresso on-line", porque ainda não sabia quem era ele nem a Elsa Raposo, e respondeu-me uma voz grave, lá do fundo, suponho que daqueles timbres do Philippe Boutton (de Rose) que me disse que o Borges era "Dean" de não-sei-o-quê, o único Dean que eu conheci foi o James, a quem os produtores de Hollywood apagavam os cigarros nas costas, e que ascendeu na horizontal, acedendo a todos os desejos gerontófilos da Mafia Judaica do cinema californiano. Agora, explicar a um gajo com 18 anos que o James Dean foi comido pela velhada toda, e que lhe chamavam o "cinzeiro humano".... imediatamente me iam dizer, "lá está aquele entregue aos seus 98% de deriva interior..."
O que é certo é que saber que o Borges era "Dean" foi um choque brutal, porque, quando olho para ele, vejo um daqueles que eu costumo encontrar nas férias, nas bordas das piscinas, ou à disputa do "voucher" da espreguiçadeira, o dia inteiro com uma venda nos olhos e uns "walkmans" enfiados nos cornos, enquanto, por cima das cabeças deles passam fantásticas revoadas de pássaros tropicais, os golfinhos caem por cima de nós, em pescarias de fantasia, e as velhíssimas e anacrónicas equinóides estão à distância de enterrar uma mão na areia, cheias de sentimentos e pavores do Câmbrico.
Ali, tudo é calma, luxúria e voulptuosidade, excepto para os "Deans" deitados nas suas ridículas espreguiçadeiras.
Resumindo: os eternos sorrisos do Borges, que, para mim, é uma espécie de Barbie que se foi daqui, e que, portanto, se devia deixar ficar por lá, são tão impressionantes como as crises da Elsa Raposo. O rapaz tem sempre uma solução para Portugal, mas vai adiando, eventualmente, à espera de que, nessa altura, já sejamos assumidamente espanhóis, e os espanhóis pagam e podem pagar mais, como se sabe. Gosto dele, porque está eternamente bronzeado, sinal de que nunca respirou ar puro, e nunca vê o sol, e tem aquele esticado e queimado de pele típico dos ares condicionados demasiadamente bem calibrados, e dos solários do chá das cinco. Acho que é das raras chocas que gosta de mulheres, e deve ser por isso que não se mistura com a Política Portuguesa, onde os touros dominantes, excepto o Rocinante de Belém, gostam de... chocas, ou de choquinhos.
Espanta-me que Borges não apresente nenhuma ruga no falso bronzeado, e, como, desde Aristóteles, a Natureza tem horror do Vazio, suponho que as rugas têm de estar nalgum lado, e, não estando fora, devem estar dentro: são as rugas do salvador que só virá quando já não houver mesmo salvação. Faz-me lembrar a mãozinha transpirada do Aníbal, na noite da eleição, que só se atreveu a abrir a janela da "marquise" depois de confirmado, e reconfirmado, que os Portugueses tinham MESMO decidido embarcar numa Máquina do Tempo, em direcção a 1933.
Afora isso, gosto do Borges. Faz-me lembrar um Arnaut, do tempo do Cherne, que parecia ter ar do Estoril, mas quando abria a boca falava um pouco em forma de "axim". O Borges é ao contrário: contraiu o estigma inglês, e é igual milhões de "deans" que se passeiam diariamente pela City, a pensar na maneira mais simples de empobrecer grossas fatias da Aldeia Global. The important is the numbers. L'important c'est la rose, e só faz brilho num país de saloios e analfabetos funcionais.
Andam aí umas más-línguas a dizer que a Bruxa do PSD é um mero entretém para que o Português perceba que virar as costas a Sócrates ainda pode ser pior. Em termos de contas de cabeça, matéria na qual sou bastante fraco, isso significa Maioria Absoluta Bisada, para os lados de Vilar de Maçada, ou maioria simples, com duas muletas-emplastro, uma em Belém, a outra na Travessa de São Coitado à Lama. Depois viria outro cenário. Ou seja, para vos baralhar ainda mais, a Bruxa seria a choca de Sócrates, para depois vir a Choca-Borges afastá-la da arena, para enfiar lá só deus saberá o quê.
Uma arena de "Deans" e miseráveis de pé-descalço.


  • The Braganza Mothers"
  • quarta-feira, 9 de julho de 2008

    O País das soluções para lá do credível

    Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
    Com imagem do KAOS, mas dedicado ao Fado Alexandrino, que escreveu o melhor argumento Maddie de sempre: aquilo, agarrado pela imaginação de Manoel de Oliveira, dava um filme com 103 horas, "non-stop", a estrear no extinto "Olímpia"
    Há uma daquelas anedotas de café, que diz que há as soluções óptimas, as muito boas, as razoáveis, as assim-assim, as más, as péssimas, as que nem lembravam ao Diabo e... as Portuguesas. Este ano, a "Silly Season" -- já repararam que já devíamos estar todos de férias, e ainda continuamos aqui, em plena câmara ardente?... -- vai seu uma "silly season" à Portuguesa. Confesso que mesmo eu, que me tenho na conta de pessoa de imaginação variada não consigo prever todos os disparates voluntários, ou involuntários, que vão acontecer até Outubro, se houver Outubro. Até lá, haverá um pessoal, com ar cada vez mais das barracas, a ir apanhar insolações em Carcavelos, e suponho que isso seja o retrato daquilo em que as políticas de consolidação orçamental transformaram o cidadão médio-baixo lusitano. Foi um bom trabalho: o Orçamento derrapou ainda mais, e o aspecto do pessoal da rua desceu a patamares próximas das Épicas Soaristas ou Gonçalvistas. Parabéns ao Sr. Sócrates e ao seu padrinho, Aníbal, bem como aos seus antecessores, que fizeram o ensaio geral, José Manuel Durão Barroso e o Portas, dos submarinos. Um pouco mais de esforço, e teremos, dentro de cinco anos, fotografias a preto e branco, para mostrar o carácter premonitório do espólio do futuro Museu do Maior Português de Sempre.
    A "Laura" anda no ataque, na Praia do Cavalo Preto, portanto, todas as ligações do ALLGarve são "dela", e fez-me lembrar, a propósito do Incêndio da Avenida, um momento do "Casablanca" -- e é aqui que entra o Alexandrino -- em que o polícia, acho que no meio de uma sarrafada qualquer, da qual já se tinha perdido o controlo, uma espécie de Maddie do Magreb, solta uma frase célebre: "prendam os culpados do costume!...".
    No incêndio da Avenida só poderia haver dois culpados, ou o Bibi, que não usa fósforos, ou o Vale e Azevedo. Disse-me anteontem, "queres apostar como vão já prender o Vale e Azevedo?...", e acertou. Coitado, não pode sair mais do Reino Unido, quem me deram prisões dessas, do género, nunca mais pode sair do Palácio de Versalhes, e eu ralado.
    Na heráldica do senso-comum, Vale e Azevedo incarna o cabeça de turco. Para mim, ignaro em Futebol como só os Portugueses em Matemática, nem sei quem seja o Vale e Azevedo, já que a minha cultura do Esférico se esgota nos tempos em que a Margarida Prieto, uma puta pré-carolinense, tinha, na "Catedral", uma capelinha de missas negras, sempre cheia de crucifixos invertidos, de velas negras, e de penas de galinha queimadas, uma nojice, mas que dava para o clube ir perdendo. Bons tempos. Suponho que tenha tudo melhorado, e agora vão às videntes da Bahia e de Fortaleza, ou lhes paguem as viagens cá. Todo o "staff" desta merda é seu cliente, e pagam 100 000 € por "desmanchos", "desencostos" e "branqueamentos". Os seus clientes são Cavaco, Mário Soares, Jorge Sampaio, assim como o foram o defunto Champalimaud, e tantos outros dessa laia. É caso para dizer que a primeira capital do Brasil se converteu, por inerência, na última capital simbólica de Portugal, e nada de mau, de aí: antes isso do que ser Harare.
    Estou com pena de Vale e Azevedo: deram-se ao trabalho de ir lá fora prender o vadio, só porque ele fazia compras nos sítios caros onde a inveja portuguesa do LIDL não podia ir. Podiam ter aproveitado para levar um mandato de captura internacional contra os McCann, mas isso já é areia a mais para a última camioneta que se chamará Portugal.
    Por todo o lado estamos a regressar ao Portugal Chão, tal como o idealizou Salazar -- "nós cá somos mais modestos...", e vai-nos acontecer o mesmo que acontece àquelas velhas dos cãezinhos lambe-conas: ao fim de décadas de convívio e intimidades com o quadrúpede, ambos passam a ter semelhanças de focinho. Prevejo que a genética portuguesa dos próximos tempos, com a taxa Euribor altíssima, a inflação estratosférica, o país todo incendiado, os vândalos a atacar pela noite e o Estado entregue a si mesmo, todos nós comecemos a ter alguns tiques fisionómicos, que parecerão os focinhos ressequidos e empalhados de Aníbal e Ferreira Leite, com algumas excepções, que faram relembrar a batata arrebitada da nossa Golda Meir de Vilar de Maçada. Olhe já amanhã para o espelho, e veja se eu tenho, ou não tenho razão...

    The Braganza Mothers"

    segunda-feira, 7 de julho de 2008

    Correio da Lola - Terá a Lola ardido nalgum vão de escada?...

    Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas


    Querida Lola:
    Lembra-se de mim?... Sou o Serafim Saudade, fizémos, uma españolada, há 20 anos, ali para o lado do Parque... Fiquei muito preocupado consigo, ontem, ao ver a Avenida da Liberdade da arder. Só deus sabe a angústia que me deu de a menina ter sido apanhada pelas "lavaredas", nalgum vão de escada...
    (Serafim Saudade, Calçada da Glória, Lisboa)


    Querido Serafim:
    Os registos das minhas españoladas são como os Livros de Termos da extinta Universidade Independente: ao fim de um certo tempo faço, "delete", e queimo-os logo, para não ficar afogada em melancolias de homens bons que já se foram... No tempo em que ainda havia homens, e não galheteiros proibidos pela ASAE, à espera, o tempo todo, de que lhes metam dentro palitos de ponta grossa... Claro que não fiquei presa nalgum vão de escada a arder, filho. Eu sou das finas, não sou uma puta daquelas que atacam nos Restauradores, eu só frequento a parte de cima da Avenida, perto da Vuitton, da Armani, do Deutsch Bank, e dessas marcas todas... O ideal, mesmo, é a esquina da rua das traseiras do "Diário de Notícias", a 100 metros da Dª. Senhora Câncio, se houver algum acidente, começo aos gritos, e vêm logo os guarda-costas que o Estado paga para o pau-de-cabeleira, acudirem-me... Olhe, eu sei que vai achar horrível o que eu vou escrever, mas, para mim, que passo a noite neste deserto que é a Lisboa depois das 22.00 h..., querido, por mim, os que pegaram fogo aqueles pardieiros lá de baixo, só fizeram o que se faz, há muito, em Milão: sempre que um processo não avançava, deitava-se fogo à baiúca, e construía-se a seguir!... É o Método Champalimaud, e deve escrever um email à Drª. Leonor Beleza, e ao Dr. Dias Loureiro, que eles explicam-lhe já como se faz e como funciona. No fundo, eu queria era que incendiassem, mas era, os prédios não-devolutos, aqueles que estão ocupados pelas agências de agiotagem, pelos seguros, pelos bancos, pelas empresas, pelos escritórios, pelas lojas de merdunças, e que fazem que a cidade fique um sahara, a partir do cair da noite. Que pegassem fogo a essa cidade morta, e deixassem em paz os vãos de escada dos prédios devolutos, que é aí que a cidade ganha actividade, pela noite dentro. Cada prédio em ruínas é uma Nova Iorque fora de horas, cheia de vida e comércio... tradicional, maridos que ali descarregam nos "air-bags" das travecas toda a violência doméstica que, em caso contrário, iriam praticar nas esposas e nos filhos, estudantes longe de casa, que vêm procurar em nós aquilo que as namoradas não fazem, árbitros desesperados do "Lohby"... meu deus, cada vão de escada abandonado é como um recife de coral, um pequeno paraíso a preservar!... De cada vez que arde um, perdem-se não sei quantos espécies endémicas. Adorei ver aquela velhinha, que saiu de casa só com as chaves: somos grandes conhecidas, e, quando eu era mais nova, era para o andar dela que tocava, para me abrir a porta da rua.... dizia-lhe sempre que era engano, mas ela, muito caridosa, facilitava-me sempre a vida. Também fui honesta com ela, e engoli sempre, não lhe sujando o patamar!... Quanto ao resto, aquelas montras de néons, e vazias a noite inteira, aqueles balcões muito polidos, aqueles monitores tft e poltronas "hi-tec", à média luz... querido, era só organizarem uma brigada do parte-vidro, deita-gasolina e acende um fósforo, que eu me tornaria imediatamente numa Nera Burning Lisbon, já hoje. Se calhar, nem era preciso, porque já corre aí o boato da electricidade estática ligada aos incêndios, sim, filhos, a electricidade estáticas de HORAS e HORAS, num frenético mete-e-tira... Kisses!...


  • The Braganza Mothers"
  • Um espantoso aniversário

    Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
    Imagem (nem a propósito, os homens geniais são sempre premonitórios...) do KAOS
    Hoje, estava eu na rua -- domingo é sempre dia de putice... -- telefonam-me a dizer que o Noticiário da SIC tinha aberto com a espantosa frase, "Começou a Época dos Fogos, e Sócrates, mais uma vez, não está em Portugal..."
    Lembrava-me lá eu disso, mas parece que tinha sido na "Belle Époque" dos Safaris de Elefantes de Tromba Rija, no Quénia, com a Câncio a fazer de guarda-sol, e em que o Sr. Arquitecto Pinto de Sousa ainda podia sair livremente à rua, com a sua segunda esposa, sem imediatamente -- parece que o homem até é uma pessoa decente e pacífica -- ser insultado, abaixo de cão, por tudo aquilo em que o filho transformou Portugal.
    A verdade é que Sócrates está em España, porque parece que o irmão teve um azar, e teve de ir fazer um desmancho a Badajoz, e logo alguém se aproveitou para pegar fogo à Serra de Sintra, e tentou fazer um Segundo Incêndio do Chiado, em plena Avenida da Liberdade. É justo: a floresta é de todos, Português, pega fogo à tua parte...
    Quanto à Avenida da Liberdade, só simbolicamente é que no Consulado de José Sócrates, alguém se lembraria de lhe pegar fogo: sinais dos tempos, e do homem que, depois de Salazar, e mesmo pior do que Cavaco, mais desprezou a palavra LIBERDADE. Não estou com muita pachorra para ir ver onde é, mas dá-me ideia que é um prédio em que, antes de o Santana emparedar vãos de escada devolutos eu até aproveitava para fazer umas das minhas porcarias nocturnas... Gosto daquela zona: quando era adolescente, telefonava para a célebre "Pensão Suíça", onde trabalhavam as Carolinas Salgado de então, a dizer que a bófia vinha ali, e eles agradeciam logo (!), e mandavam as meninas para dentro. Enfim, sempre gozador e filho da puta (eu).
    Hoje, celebra-se também a independência da Venezuela, e o blogue "As Vicentinas de Braganza" foi, há um ano, reaberto, à pressa, depois de ter sido obrigado a fechar portas, mercê de intrigas de serralho, para hoje se reacender, em todo o seu esplendor, neste nosso novo espaço de "The Braganza Mothers".
    Se hoje me perguntassem o que levou ao encerramento do primeiro "The Braganza Mothers", poria os olhos no infinito, e responderia friamente: o "Braganza" fechou devido à Natureza Humana, assim como, pela Natureza Humana, agora voltou a reabrir.
    Aqui estamos todos, vivos e de boa saúde, leitores, comentadores, ex-membros, novos membros, assiduamente visitados, e genericamente considerado um espaço de referência, quer pelos nossos muitos amigos, como pelos nossos poderosos inimigos. É, portanto, o dia ideal para lançar uma chuva de abraços e beijos para todos os que tornaram possível este nosso projecto. Não me perguntem para onde vamos, pois só sei de onde vimos, e com que intenções partimos. Já por diversas vezes anunciei que o "Arrebenta" é uma ficção com uma existência finita, e não sei se resistirá a uma coisa tão lúgubre, como uma triangulação Cavaco-Sócrates-Ferreira Leite. São três figuras que, ao contrário de Portas, que, nos bons tempos, me inspirou dos melhores textos de sátira -- vou, brevemente, tentar fazer uma republicação aqui, dedicada ao Paulo Pedroso (eh, eh, eh...), que, por acaso, era dos primeiros a rir-se com eles -- nada me dizem, e imediatamente me levam a mudar de canal, nas suas aparições.
    Uma palavrinha de luto para o Sr. António Costa, a quem este incêndio da Avenida da Liberdade vai custar alguma coisa, e ao seu inimigo surdo, José Sócrates, que apanha com mais uma imprevista nódoa nos seus assaloiados fatos de marca. Não há hábitos que façam o monge, e aquela penca arrebitada cada vez mais deixa entrever o merceeiro que tem na alma... Juntamente com a palavrinha de "deuil", os parabéns aos especuladores imobiliários, que imediatamente irão arranjar algo de hiperbom, hiper-imaginativo, e hiper-CARO, para a Avenida mais nobre de Lisboa, Finalmente alguma coisa mexe, no marasmo das últimas semanas, upa, upa, Mota-Engil, cala-te boca...
    Por fim, uma palavra de saudação para os que, persistentemente, ao longo deste ano, nos tentaram, por diversas formas, destruir: águas passadas não movem moinhos. Que Deus -- se fordes crentes -- vos perdoe, assim como nós já vos perdoámos... e esquecemos.
    Muito boa noite, e cuidado com o fumo.

  • The Braganza Mothers"
  • domingo, 6 de julho de 2008

    Pequeno contributo para uma grelha hermenêutica, de pendor estruturalista, para uma melhor compreensão dos comentários dos blogues

    Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
    Imagem do KAOS
    É sabido que gosto de pairar nas Estratosferas: é a minha casa, o meu meio e o meu modo de ser. Não trocava nenhum telejornal, a não ser aquele, célebre, e esperado, do Dia do Juízo Final, pelos poucos minutos do "Clair de Lune", da "Suite Bergamasque", de Debussy.
    Infelizmente, o quotidiano não é construído sobre essa infinita poética plural da flexão do tempo psicológico, como tão bem o definiram Bergson, e Proust ergueu à categoria de arte infinita, em "À la Recherche". Poderíamos prosseguir pelas citações, e referir aquele lugar comum, que, tantas vezes associamos ao mundo arcaico de Bruckner, esse pietista medieval, que conviveu com comboios, exposições universais, e invenções de Thomas Edison: no diálogo com Deus, o Tempo não existe. Poderíamos ir por onde quisessem, até se nos defrontar a Realidade.
    Para nós, Noonautas, Blogonautas, ou Navegadores do Feérico, o cair na Realidade pode ser uma coisa tão elementar como uma mera linha, inserida numa caixa de comentários, depois de um belíssimo texto, de um poema apaixonado, ou de uma dolorosa confissão, em que alguém, a sombra, o objecto errático, o pequeno carrasco do teclado, destroem, com um pontapé despropositado, todo o enlevo da nossa acção.
    Como num final de século, todos nós, nos nossos diversos meios, nos tornámos nefelibatas, e esperávamos que este Admirável Mundo Novo, que é o das Virtualidades trouxesse, à flor das águas, o melhor da Natureza Humana, o mito de Rousseau, e não a sátira de Voltaire, por mais que me agrade a segunda, e detrimento do primeiro, do qual a Vida me tornou essencialmente céptico. Mas, como Pangloss, e essa intocável língua viperina do Século das Luzes, que tentou trucidar um dos textos mais belos -- desculpem-me a confissão -- o "Discurso de Metafísica" de Leibniz, em paráfrase, direi que vivemos, com toda a ironia que isso possa conter, na melhor das Virtualidades possíveis, e aqui, eu, voltairiano na escrita, tenho de prestar homenagem ao grande Leibniz.
    Nós, refugiados do mundos dos bits, somos, à maneira de Píndaro, a sombra de uma sombra, ou, já que vamos pela Cultura adentro, não passamos da nova memória da Caverna perdida, da alegoria de Platão, com a Caverna a ser aquele Real que tanto nos desiludiu.
    Construímos formas, evocamos memórias, tecemos conjecturas e sofremos o refluxo das marés, na forma de comentários, que, num universo idealizado, deveriam ser a correcção, ou a resposta a um repto, em forma de monólogo, que lançámos, na forma erudita do texto. Algures, a meio de uma conversa, desconstruí um dos piores tiques da nossa convivialidade discursiva, que invadiu, em tempos, a atmosfera de todas as nossas conversas. No vazio do Discurso, como no vazio dos comentários, houve um tempo em que era moda inaugurar uma intervenção com um "É assim", como se uma conclusiva pudesse ser socialmente viável, no tempo exacto em que se entabulou um diálogo....
    "É assim" é uma das mais pobres expressões emocionais que poderá invadir qualquer debate de ideias, mas é, como muitas vezes pude presenciar, a Lei do Mais Forte, aplicada, através da Violência da Emotividade, à frágil teia da Argumentação.
    "É assim" está, para o Espírito, como um bíceps tatuado para uma aparição de Daphné, no momento exacto da Aurora, e as nossas caixas de comentários, repercutindo todos os vícios da Atmosfera, estão cheias de insuportáveis "é assins", onde qualquer argumentação posterior se torna irremediavelmente impossível.
    Um guião para uma consulta das caixas de comentários poderia ser uma importante sugestão para quem reflecte, há muito, e a sério, sobre todos os fenómenos da virtualidade. Por ser tão contestado, poderia aqui invocar Paulo Querido, e acho que seria uma boa pessoa para desafiar. Tudo o resto, no meu texto, não é mais do que um breve guião, na forma estruturalista, para ajudar à complexa estrutura dos comentários. Para os especialistas em Teoria da Literatura -- não é o meu caso -- que tenho uma formação científica dura, todos os argumentos, por exemplo, se resumem a um número finito de formas, assim como, numa topologia ensaiada, todos os comentários se reduziriam a um número finito de estruturas. Deformando Anah Arendt, ao substituir o papel tradicional da Realidade, a Noosfera está para a Atmosfera como a Escola para a Família, ou seja, falhadas a Família e a Realidade, a Escola e a Virtualidade são chamadas a assumir papéis que deveriam já estar ajustados a montante.
    Posso cair no vício do descrecionismo, embora tentando adoptar uma postura estrutural: se começássemos pelo Behavieurismo, tínhamos o clássico "Comentário-Skinner", aquele que empurra, pelo estímulo positivo, e pune, pelo estímulo negativo. Isto pressuporia uma pedagogia e o esboço de uma didáctica: infelizmente, não traduz, na maioria das vezes, mais do uma das facetas da Maldade Humana, ou fisicamente falando, uma tentativa de introduzir Entropia em Sistemas geralmente próximos do Equilíbrio. Um dos piores desses exemplos é o caixote de lixo em que se converteram as interpelações dos textos de António Balbino Caldeira.
    Nisso, Prigogine acaba por ser sarcástico, e, citando, à sua maneira, Poincaré, diz que, colocadas lado a lado, uma caixa cheia de gás, e uma outra vazia, e estabelecida a comunicação entre as duas, pela óbvia Dinâmica dos Fluídos, o gás da primeira tenderia para se escoar para a segunda, mas, sendo esta transferência regida pelos Movimentos Brownianos, uma vez estabelecido o equilíbrio, nada impediria que os gases acumulados na segunda caixa, por uma aleatoriedade do movimento, voltassem, num dado momento, a reunir-se todos na primeira caixa. Friamente questionado sobre o tempo necessário para esse fluxo, Prigogine associa-lhe "mais do que todo o tempo do Tempo(!)"...
    Ora, nós, blogonautas da virtualidade fria, dispomos de tudo, menos da totalidade do Tempo. Vivemos mergulhados no Efémero, e não podemos permitir que as brechas abertas numa excelente estrutura por comentários erráticos possam levar todo o tempo do mundo a restabelecer um equilíbrio e harmonia necessários, e evidentes. Torna-se, pois, útil tentar categorizá-los, já que o identificá-los é, também, uma forma de os exocirzarmos.
    Já identifiquei, pelo seu carácter óbvio, o estímulo positivo e o negativo. Eles dividem-se, depois, em diversos sub-tipos. Há o comentário exaltado, que leva a que suponhamos que o nosso texto desencadeou revoluções; temos o comentário erudito, que nos leva a crer que nos movemos numa irremediável menoridade literária e intelectual; reconhecemos o grito da maçada, do não-estou-nem-aí, que pressupõe um penar, desse leitor/a até a um tempo ainda mais longo do que o de Prigogine, para que pudéssemos ser... alguém; temos o comentário didáctico, que se solta de um teclado com pretensões e se esgota na mossa emocional que provoca; lemos o comentário da ameaça, que deixa pressupor, quando vamos para a cama, uma multidão de "jack-the-rippers", a perseguir-nos, mal a próxima manhã se levante; há a ofensa cobarde, que tende para semear a desmoralização; há a máxima vexatória, que incide sobre supostas deformidades físicas, intelectuais ou sociais; há o dedo acusatório do sei-tudo-sobre-ti, que mais não pretende do que semear o desânimo e a dúvida; há o comentário obsceno, que nos atirou para uma escatologia enformadora de um civismo da Cauda da Europa; há o intelectual, que nos faz perder, nas suas teias, as hipóteses sensatas, levantadas por um texto simples; há a meia linha erudita, que nos recorda nada termos lido, e a meia linha néscia, que nos faz pensar que lhe faria bem ter lido mais um pouco...; há a conciliadora, que parece vir em auxílio de um cenário de desordem, que a mesma mão pode ter criado, através da adopção de diferentes máscaras; há a agressão pura, nihilista, que deixa antever que não é só texto que deve ser destruído, mas o próprio espaço onde foi publicado, e, mais grave ainda, a própria mão que o escreveu.
    Este não é mais do que um esboço de tipologias. Outros o melhorarão, Foi ditado ao sabor da pena e da emoção, na madrugada de 6 de Julho de 2008, com o país em plena agonia cultural e económica do triângulo Sócrates-Cavaco-Ferreira Leite. Nos últimos dias, cultivámos o humor, através dos disparates que nos foram aparecendo nas nossas próprias caixas de comentários. Muitas vezes, a aparente polifonia, não é mais do que a desagregação mental de uma única personagem. Como na Atmosfera, há os que passam dias inteiros a construir, e aqueles que, com uma só linha, um só gesto, ou um só pensamento, tendem para tentar destruir árduas horas de reflexão e trabalho. Devemos ter paciência e não excluir a Piedade. Por vezes, a maldade aparente esconde uma patologia; por vezes, o excesso de barulho, como escreveu um dos muitos fantasmas que, infaustamente, já povoou esta Net sem limites, "Nem tudo o que ostenta, faz alarido, parece, é. Às vezes, o ruído, o "bater de pratos", a indignação, correspondem ao desejo de esconder, de abafar - com muito, muito barulho - algo de absolutamente inaceitável."
    É possível que sim, mas isso não nos diz qualquer respeito.
    Este texto foi escrito ao sabor da pena, e gostaria de ter sido mais rigoroso na caracterização das tipologias que se comprometeu descrever. Falhou no que propunha. Todavia, como todos os esboços, é um desafio para que todos vocês, leitores, comentadores, e futuros teorizadores das coisas virtuais, o venham a poder melhorar.
    Obrigado pela vossa atenção, nesta magnífica -- é, não é?... -- noite de Verão
  • The Braganza Mothers"
  • quinta-feira, 3 de julho de 2008

    Ingrid Bétancourt

    Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
    Sim, pois, claro, o momento é de festa. Há certos ícones da Aldeia Global, que incarnam... -- que disparate... essa é mesma a definição de ícone!... -- os direitos, a fragilidade, o poder passivo da resistência e da independência. É uma mulher, para mais, e tem escrito, na cara, a força inteira de um carácter. Todos estamos de parabéns, e eu podia ir por aí fora, mas vou virar já ao registo negro, para ver se ponho, ao mesmo tempo, às canelas, a E-Ko e o Pedroso.
    Então, lá vai: com a libertação de Bétancourt, há um parceiro que imediatamente enfraquece, o seu vizinho Chávez, que nem se calla nem deixa de falar cada vez mais alto. Não gosto nem um pouco da cara do homem, embora reconheça que é como o Alberto João, e, de quando em vez, diz o que muita gente precisa de ouvir. Afora isso, é um ordinário sul-americano, que, a não acreditar nas teorias da conspiração, ajudava as milícias criminosas da Colômbia a manterem o país como estado-pária. A Colômbia, há muito, desempenha um papel geo-estratégico importantíssimo na região: está, para Nova Iorque, como o Egipto estava para Roma, ou seja, é o seu celeiro de trigo mais próximo. Obviamente, o trigo, aqui, chama-se COCA, o motor indispensável para qualquer executivo ou especulador de bolsa, antes de começar a manhã em Wall Street. Vi vários, como no "Psicopata Americano", a sniffarem, à pressa, ao pé dos latões do lixo, no próprio punho da camisa Armani, antes de entrarem na sala da voragem dos números, onde a tesão de lixar a vida a 100 000 almas no BanglaDesh bem vale a subida de umas quantas centésimas num valioso título, projectado no enorme TFT. Em princípio, a coca, por espantoso que pareça, vai passar a valer menos do que o Petróleo, e convém começar a garrotar, desde já, Chávez. Eu sei que se perderam no meu raciocínio, mas eu vou ajudar-vos a chegar lá: mal se reapresente nas urnas, Bétancourt -- que tem muito bom ar -- será eleita, e porá a Colômbia nos eixos, desequilibrando as coisas contra o tarado do lado. Será, E-ko, a mulher da América, na Colômbia..., ah, sim, pronto, já sei que chateei os dois, mas agora vai um bombom: foi libertada -- e não há coincidências, como diz a MRP -- no segundo dia de glória de Sarkozy e com a ajuda, óbvia, evidente, e indispensável, da Senhora de Fátima, quer dizer, da Senhora de Fátima, mais de uns helicópteros e da "inteligentzia"... americana, e... olha, para completar o cenário, completo a alucinação: americana e israelita.
    Há guerrilheiros muito parvos, não há?...

  • The Braganza Mothers"
  • terça-feira, 1 de julho de 2008

    O "Braganza" errou: afinal, o odor de cadáver, as pielas, a Judiciária era tudo... mentira


    Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
    Ontem, o país que pensa com os pés apanhou com uma bolada nos cornos. Pensámos que fosse o fundo, mas não era, ainda íamos perder qualquer coisa mais, com o célebre mito da invenciblidade da Polícia Judiciária. Tínhamo-nos esquecido dessa. Podiam ter fundido a inocência do Pinto da Costa com a culpa do Bibi, e dávamos três em um. A seguir, deve ir a aura dos melhores pilotos de avião do Mundo, e acabarem as palmas saloias nas cabines dos Eurobus. Com um bocado de sorte, um incêndio ateado no Pinhal de Leiria consumirá o infame Idolatrário de Fátima, e a Mariza pode continuar a cantar como canta, para o Fado seguir o seu fado. A partir de hoje, a Europa é governada pela nova Madame Du Barry. Da última vez, acabou com um cadafalso. Desta, só luxos, inflações e amanhãs que cantam.